Artes da fala/Improvisação


Artes da fala

Jorge Freitas Branco (ISCTE-IUL | CRIA-IUL)

O principal objetivo da pesquisa é a elaboração duma ecologia do fenómeno repentista na Madeira, com vista à análise das condições passadas e presentes que ditaram a sustentabilidade positiva (Revival, transformação) ou negativa (desaparecimento). A pesquisa em curso no terreno permite distinguir dois modos de estar no repentismo: os antigos e os atuais. Os primeiros sentem-se e estão a desaparecer, representam uma geração acima dos 70 anos e declaram o fim da sua prática, desigam-se charambistas. Nos recentes predominam jovens e muito jovens e assumem-se como praticantes de desgarrada (modelo no norte português). Esta divisão oculta uma outra influência transformadora da cultura da palavra falada e cantada, a da diáspora existente nos países latino-americanos (Venezuela, Brasil). Não só a forma, como mudou as mensagens emitidas, a linguagem adotada. A investigação deve conduzir a uma determinação das articulações estabelecidas pelos agentes entre oralidade, a textualização e o fator digital e como hipótese a verificar a da existência dum processo de subalternização do elemento escrito.




Transformação de paradigmas e sustentabilidade – cante alentejano e cantes repentistas: diálogos e discursos

Maria José Barriga (CESEM | NOVA FCSH)

Os cantes repentistas no Baixo Alentejo (cante ao baldão cante a despique) enfrentam na atualidade novos paradigmas, não só nos seus contextos performativos, como também nos enunciados discursivos e nos modos de transmissão/aprendizagem.  Nas novas temáticas discursivas, o paralelismo com os contextos do cante alentejano pós inscrição na lista da Unesco, tornou-se um dos focos de discussão e de emergência da produção de prolongados momentos de contenda poética entre os cantadores, sobretudo entre os de cante ao baldão. 

Proponho-me realizar uma análise comparativa dos enunciados discursivos de dois momentos  cronológicos do meu trabalho de campo: a) o período de 1995 a 2000; b) o período de 2016 a 2019.  Pretendo compreender como os cantadores de baldão elaboram, nos dois períodos cronológicos, as seguintes temáticas: 1. transmissão/aprendizagem das construção repentista; 2.  contextos performativos; 3. mestres e discípulos; 4. sustentabilidade e atitude participativa.  O objetivo final será relevar os paralelismos e divergências entre os dois períodos históricos e elaborar uma síntese dos novos questionamentos surgidos nos diálogos e discursos no seio do cante repentista.

Palavras-chave: sustentabilidade e repentismo;  transmissão/aprendizagem; cante alentejano; cante repentista; cante ao baldão